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Introdução
Introdução

 
J. B. Phillips escreve no prefácio de The Young Church in Action (AJovem Igreja em Ação), sua tradução de Atos, que a pessoa não consegue passar vários meses num estudo minucioso desse livro "sem ficar pro-fundamente emocionado e, para ser honesto, perturbado. O leitor se emociona", diz esse autor, "porque vê o cristianismo, o cristianismo real, emação pela primeira vez na história humana... Aqui estamos vendo a igreja noesplendor de sua mocidade, valorosa e íntegra... um corpo de homens emulheres comuns unidos em comunhão inconquistável, jamais vista na terra".Entretanto, o leitor também fica perturbado "porque certamente", acrescentao autor, essa "é a igreja como deveria ser. Igreja vigorosa e flexível, pois nesses dias ela ainda não havia se tornado gorda e sem fôlego, por causa da prosperidade, ou paralisada pelo excesso de organização. Aquelas pessoas não praticavam 'atos de fé', elas criam; não 'recitavam suas orações' — oravam de verdade. Não faziam palestras sobre medicina psicossomática,mas simplesmente curavam os enfermos "(l).
Segundo os padrões modernos,aqueles crentes poderiam passar por ingênuos, mas talvez por causa de suasimplicidade ou por causa de sua prontidão para crer, obedecer, dar, sofrer e,se necessário, morrer, o Esrito de Deus verificou que lhe era possível trabalhar neles e através deles, pelo que 'alvoroçava' as pessoas, "pondo o mundo de cabeça para baixo" (veja 17:6).Atos é o único registro autêntico de que dispomos dos primeiros anosda história da igreja. Há alguns poucos indícios nas cartas paulinas sobre acontecimentos que ocorreram nesses primeiros anos. Josefo prove material valioso sobre o ambiente e muitas minúcias esclarecedoras (2), mas se Atosse houvesse perdido, nada haveria que lhe tomasse o lugar. Além do mais, oresto do Novo Testamento ficaria diante de nós em dois fragmentos desconjuntados, visto que Atos é o elo necessário entre os evangelhos e ascartas. Os evangelhos nos relatam o começo do cristianismo até a ascensãode Cristo. Todavia, se tudo quanto tissemos fosse isso haveria grandenúmero de perguntas. Qual foi a seqüência? Que fez o Senhor a seguir? Queaconteceu a seus seguidores e à sua causa? As respostas a estas perguntasestão em Atos. Diga-se o mesmo acerca das cartas: Verificamos tratar-se de cartas apostólicas dirigidas a igrejas em várias partes do império romano.Entretanto, fossem elas tudo de que podíamos dispor, ficaríamos desejando saber quando tais igrejas vieram a existir, como se formaram e por quem.Sem Atoainda que se trate de um texto histórico incompleto e fragmentado não teríamos as respostas a muitas destas perguntas. "Não só descobriríamos ser quase impossível colocar Paulo e suas obras numaseqüência cronológica e geográfica, como também em grande parte aindaestaríamos em trevas a respeito do desenvolvimento da grande missão dePaulo ao redor do mar Egeu, e dos eventos que o levaram a esse trabalho, eseu interesse quanto a ir a Roma e à Espanha (Romanos 15:22-29). Só conseguimos entender a importância do livro de Atos, escrito por Lucas,como fonte histórica, se fizermos esfoo consciente para eliminar as informações nele contidas (e que são de nosso conhecimento) a respeito docristianismo primitivo" (3).
Da forma como Atos nos aparece, o livro nos esclarece o suficiente para constituir ambientação histórica à maioria dascartas, e testemunhar o caráter apostólico da maioria de seus autores. Basta-nos que consideremos quão pouco sabemos sobre a disseminação do evangelho nos lugares não mencionados na narrativa de Atos, para quapreciemos o quanto devemos a esse livro pelo que ele nos trouxe.E há mais: ficamos em débito para com o autor pelo fato de apresentarnos tão ricas informações de forma tão legível. Pode-se afirmar que Atos é um dos livros mais emocionantes já escritos. Em que outra fonte você poderia encontrar, em tão poucas páginas, "uma série de eventos tãemocionantes, julgamentos, tumultos, perseguições, fugas, martírios,viagens, naufrágios, livramentos — inscritos nesse panorama espantoso domundo antigo de Jerusalém, Antioquia, Filipos, Corinto, Atenas e Roma? Eapresentando tais cenários e ambientes — templos, tribunais, prisões,desertos, navios, mares, tendas e teatros? Há alguma ópera dotada de tanta variedade? Diante do olho do historiador desenrola-se uma variedade incrívelde cenários e ações. E o historiador vê em tudo isso a mão providencial que produziu e orientou esse grande movimento para a salvação da humanidade" (4).