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Atos 14:21 -28
Atos 14:21 -28

Atos 14.21 -28: Regresso a Antioquia da Síria 

 

14:21-23 / Derbe só foi localizada recentemente. Estava localizada cerca de 96 quilômetros a sudeste de Listra (veja B. Van Elderen, AHG, pp. 156ss.). A importância dessa cidade (como era então, mas veja a disc. sobre o v. 8) jazia em sua proximidade com as fronteiras da Galácia romana, e do reino-cliente de Antíoco IV de Comagene. Ali os apóstolos, tendo anunciado o evangelho... e feito muitos discípulos (v. 21, lit, "discipularam a muitos"; cp. Mateus 28:19). Um destes mais tarde acompanharia Paulo a Jerusalém como delegado de sua igreja (20:4). Derbe é a única cidade da Galácia que conhecemos, que foi evangelizada, onde os missionários não sofreram perseguição (cp. 2 Timóteo 3:11). Talvez fosse a chegada iminente do inverno, com suas condições difíceis demais, que impedia os judeus de perseguirem os apóstolos. A partir daí, teria sido possível a Paulo e Barnabé terem prosseguido para o leste, chegando à Antioquia da Síria, atravessando os portões cilicianos; mas se fosse pelo final do ano, a perspectiva dos portões teria sido assusta­dora. De qualquer modo, precisavam voltar pelo mesmo caminho da ida, por causa dos novos convertidos. Havia algum risco nesse empreendi­mento, mas por essa altura os magistrados teriam terminado seu mandato jurídico e, se os apóstolos não se salientassem, os riscos seriam mínimos.

Assim, Paulo e Barnabé regressaram a Listra, Icônio e Antioquia, fortalecendo os crentes e encoraj ando-os a permanecer firmes na fé (v. 22; cp. 11:23). Tal encorajamento era necessário, visto que tais pessoas eram facilmente influenciáveis, e logo estariam enfrentando o perigo de aceitar "outro evangelho" (Gálatas 1:6; 3:2; 5:1). Parece que a contínua perseguição da parte dos judeus constituía um fator importante nessa questão (cp. Gálatas 6:12). A questão é se na fé significa a confiança do crente no Senhor ou a doutrina em que se crê. O artigo definido indica este último sentido (cp. 6:7; 13:8; 16:5), embora não possamos duvidar de que os missionários falaram do outro sentido também, ensinando, além de tudo, que a fé em Cristo necessariamente atrai o sofrimento (observe as palavras é necessário do v. 22; veja a disc. sobre 1:16). O reino de Deus é mencionado em seu sentido futuro, como o objetivo final da salvação (veja a nota sobre 1:3). A NIV mostra esse ensino a respeito do sofrimento e sobre o ingresso no reino como sendo as próprias palavras dos apóstolos, como de fato talvez tenham sido, se houvessem tangido as cordas mais sensíveis do coração de um de seus ouvintes (por que não Timóteo? ).

Este ministério de confirmação na fé foi acompanhado por uma obra de organização, pois em cada igreja os apóstolos elegeram anciãos que cuidassem das necessidades temporais e espirituais do povo (v. 23; veja a nota sobre o 11:30). Tais anciãos foram ungidos e comissionados com oração e jejuns, como os próprios missionários haviam sido (13:2, 3), e assim foram encomendados ao Senhor [Jesus] em quem haviam crido (v. 23; cp. 20:32). Quanto à expressão "em quem haviam crido", veja a disc. sobre 10:43.0 tempo verbal perfeito indica que fazia algum tempo que haviam recebido tal fé e ainda prosseguiam nela (cp. 15:5; 16:34; 19:18).

14:24-28 /No v. 24 encontramos de novo aquela expressão que sugere que Paulo e Barnabé "realizaram uma viagem missionária" através da Pisídia (veja a disc. sobre 8:4e 13:13 quanto à região) — pregando a paz onde os romanos ainda estavam em guerra. Assim foi que refizeram seus passos até Perge. É impossível dizer quanto tempo decorrera desde que haviam partido da capital (Panfília), mas é certo que se passaram alguns anos (as sugestões apresentadas mencionam de um até quatro anos). As distâncias percorridas não eram grandes, mas muito progresso havia sido conseguido e muito tempo gasto (cp. 13:49, 52; 14:1, 3, 6, 21). Pouco se conhece da história de Perge no período romano. Foi quase toda recons­truída no segundo século d.C, mas a cidade que os missionários visita­ram era bem parecida com a dos tempos dos Selêucidas. Sua posição geográfica lhe garantia grande beleza. Situada entre duas montanhas, em cujas encostas se aninhava, tinha diante de si um vale largo, banhado pelo rio Cestro, e na retaguarda as montanhas do Touro. Que resultados os missionários colheram de sua pregação em Perge nós não sabemos, embora o silêncio de Lucas quanto a esse assunto tenha sido interpretado como significando que tais resultados não foram muito encorajadores. Parece que eles não permaneceram muito tempo na cidade, mas partiram através das planícies da Panfília até o porto marítimo de Atália, onde as probabilidades de encontrar um navio eram maiores do que no porto fluvial (veja a disc. sobre 13:13). Daqui, regressaram à Síria. De volta a Antioquia, reuniram a igreja e apresentaram um relatório completo de suas atividades, reconhecendo que suas realizações eram devidas a Deus — a expressão "mediante eles" (v. 27, conforme o grego; cp. 7:9; 11:21; 15:4) significa o mesmo que por eles, mas expressa com mais força a consciência da presença de Deus. O lema deles poderia ter sido "Emanuel, que quer dizer: Deus conosco" (Mateus 1:23), visto ter sido ele quem abrira a porta da fé aos gentios (v. 27) — uma coinci­dência notável em que Paulo usa a mesma metáfora noutras passagens (1 Coríntios 16:9; 2 Coríntios 2:12; Colossenses 4:3). Assim foi que Deus confirmou que não seria mediante a circuncisão e coisas semelhan­tes que as pessoas seriam admitidas à salvação, e se chamariam pelo seu nome, mas simplesmente pela porta da fé em Jesus como Senhor (cp. 11:18 e 20:21). Ao dizer que os missionários relataram estas coisas, Lucas empregou o verbo no imperfeito. Isto pode significar que o relatório foi repetido perante diferentes grupos espalhados pela cidade, à medida que os dois encontravam-se com eles. Mas a palavra igreja está no singular. Pode ter havido um número de grupos que se reuniam separadamente, mas todos pertenciam à mesma igreja. A nota final é muito indefinida, mas é provável que signifique que permaneceram em Antioquia não pouco tempo (v. 28).

 

Notas Adicionais # 37

14:22 / Por muitas tribulações nos é necessário: Às vezes esta passagem é classificada como um dos textos escritos na primeira pessoa do plural (nós), como se o próprio Lucas estivesse incluído (veja a disc. sobre 16:10). Entretanto, deve ser considerada simplesmente como um uso genérico da primeira pessoa do plural — "nós cristãos".

14:23 / Havendo-lhes... eleito anciãos: Embora o verbo originalmente significasse "eleger mediante uma exibição de mãos", é como se a escolha, do ponto de vista humano, estivesse no poder dos apóstolos. Mas cp. Tito l:5ss., onde talvez se tenha realizado o mesmo ato, mas pelo menos a opinião da congregação foi levada em consideração (cp. também l:23ss.; 6:13).

14:27 / Reuniram a igreja: Quanto a uma discussão das limitações físicas impostas aos cristãos, por serem obrigados a usar casas particulares (cp. 8:3; 12:12; 16:15; 17:5; 18:7; 20:8) e por causa dos resultados sociais e teológicos, veja J. Murphy-O'Connor, St. Paulus Corinth (Coríntios de S.Paulo), pp. 153ss.; e também R. Banks, PauVs Idea of Community (A Idéia de Paulo de Comuni­dade), pp. 45ss., quanto à estrutura desses cultos em casas particulares.