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Atos 17:10-15
Atos 17:10-15

Atos 17.10-15: Em Beréia 

 

17:10 / Ocultos pela escuridão da noite, talvez por medo de maiores violências caso fossem vistos, os irmãos enviaram a Paulo e Silas para

Beréia, a cerca de 72 quilômetros a sudoeste de Tessalônica. Timóteo não é mencionado; talvez ele tivesse ficado em Tessalônica a fim de encontrar-se de novo com Paulo em Atenas (veja a disc. sobre o v. 16). Beréia, situada nas encostas orientais do monte Vermião, havia sido fundada no séc. 5 a.C. Em 168 a.C. tornou-se a capital de uma das repúblicas em que a Macedônia estava dividida (veja a disc. sobre 16:12). Livy descreve a Beréia dos dias de Paulo como sendo "uma cidade nobre" (História de Roma 45.30; cp. a descrição dos judeus bereanos no v. 11). Além do monte Vermião ficava o Ilírico; quando Paulo escreveu em Romanos 15:19, "tenho pregado de Cristo" de Jerusalém ao Ilírico, teria em mente talvez este episódio (mas veja a disc. sobre 20:2). Naquelas circunstâncias, a atração de Beréia pode ter sido o fato dela não estar na rota da via Ignácia, mas, de acordo com Cícero, ser "uma cidade de difícil acesso" (In Pisonem 36.89). Os missionários devem ter procurado evitar a perseguição em sua fuga, e de certo modo sua esperança cumpriu-se. Pelo menos conseguiram fugir, e seus perseguidores lhes deram algum alívio, durante o qual os missionários puderam voltar ao "hábito usual" de Paulo, o de proclamar as boas novas na sinagoga desta cidade também.

17:11-12 / Dos judeus bereanos diz Lucas que eram mais nobres do que os de Tessalônica. Essa expressão pode significar "mais generosos" — eles teriam dado mais apoio aos missionários, mas NI V e ECA talvez tenham razão ao relacionar esta expressão à atitude deles para com a pregação paulina. Eles aceitaram de imediato a possibilidade de Paulo estar dizendo a verdade (o emprego que Lucas faz do optativo parece ter a intenção de dar esse sentido), pelo que conferiam o sermão com seus próprios estudos das Escrituras (o verbo examinando também é usado por Lucas noutra passagem para denotar um inquérito judicial; cp. Lucas 23:14; Atos 4:9; 12:19; 24:8; 28:18). Os bereanos empreenderam tal investigação com muita solicitude, encontrando-se com Paulo não ape­nas aos sábados, mas cada dia (v. 11; cp. v. 17; 19:9; veja a disc. Sobre 13:42). Assim foi que o intelecto e a vontade (como também, logicamen­te, o Espírito Santo; veja a disc. sobre 16:14) participaram dessa reação positiva dos que aceitaram a fé. Este ponto é claríssimo no grego, com a ajuda da locução de sorte que, a qual liga o v. 11 ao v. 12. Entre esses convertidos encontravam-se judeus e gregos (de início devotos da sina­goga) e, entre estes, também mulheres gregas de alta posição (veja a nota sobre 16:13; veja também a disc. sobre 1:14; 13:50). A construção da sentença é a seguinte: "Muitos deles creram, tanto mulheres... como não poucos homens" (v. 12, conforme o texto grego), o que indica, talvez, que as mulheres fossem de modo especial preeminentes nesta igreja. Dentre os homens, "Sópatro de Beréia, filho de Pirro"pode ter sido um dos primeiros convertidos (20:4).

17:13 / Até mesmo os judeus que não creram foram "mais nobres" do que a maioria, pelo fato de não interferirem, prejudicando a Paulo e os demais — a menos que tenham sido eles que delataram as atividades dos missionários aos tessalonicenses. O caso foi que só quando chegaram alguns judeus de Tessalônica é que se instalou a oposição aberta. O fato de só o nome de Paulo aparecer nesta nota pode significar que ele era o principal alvo do ataque dos inimigos. Como, todavia, poderiam atingi-lo? A proibição anterior dos magistrados não tinha validade fora de sua própria cidade, não havendo evidência de que "as forças policiais de diferentes cidades agissem em conjunto" (Sherwin-White, p. 98). Por­tanto, se alguém invocasse a lei contra ele, seria necessário que novas acusações fossem verificadas. Assim foi que os judeus tessalonicenses puseram-se a excitar e agitar as multidões, alegando sem dúvida que os cristãos estavam agindo como traidores de Roma (cp. vv. 5-7).

17:14-15 / Essas acusações colocaram todos os cristãos sob risco, mas à vista de Paulo ser o foco dos ataques dos judeus, os irmãos fizeram Paulo partir em direção ao mar, isto é, acharam melhor que ele partisse (v. 14). Alguns deles acompanharam o apóstolo ao litoral, onde ele talvez quisesse esperar Silas e Timóteo. Mas é possível que aqui ele tenha encontrado um navio de partida para Atenas, de modo que, tendo ainda os bereanos por companhia, partiu para essa cidade, deixando instruções para que os outros se encontrassem com ele o mais depressa possível (v. 15). Presumindo-se que Paulo tenha ido à Ática por mar (veja nota), o porto de embarque do apóstolo teria sido talvez Dion (colônia Júlia Diensis), perto das encostas do Olimpo. Essa cidade estava ligada diretamente à Beréia por estrada.

 

Notas Adicionais # 46

17:14 / Em direção ao mar: (lit, "até o mar"). Um texto variante pouco prestigiado diz: "como se até o mar", como se se tratasse de um estratagema para enganar os judeus (cp. AV, "como se") implicando que Paulo na verdade foi a Atenas por terra. Deveríamos comparar esse texto com o ocidental que declara, de modo explícito, que Paulo foi por via terrestre (estrada), embora "tenha negligenciado Tessalônica, por ter sido impedido de pregar-lhes a palavra" (cp. 16:6-10). Rackham salienta que "entre a Macedônia e a Tessalô­nica levantava-se grande barreira, a enorme massa do monte Olimpo, o que obrigava a estrada a ir de um país a outro ao longo do litoral. Daí, ainda que Paulo tivesse a intenção de ir à Grécia a pé, teria sido forçado a ir até o litoral ("em direção ao mar"), isto é, à praia, antes de tomar a estrada" (p. 300).