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Atos 15:22-35
Atos 15:22-35

Atos 15.22-35: A Carta do Concilio 

 

15:22-29 / A proposta de Tiago recebeu a aprovação de toda a igreja (v. 22), isto é, de todos os presentes. Fora do concilio, contudo, perma­neceu um número significativo de judeus cristãos que desejavam fazer exigências mais pesadas aos gentios. Esses continuaram a perturbar as igrejas paulinas durante muitos anos ainda. No entanto, o concilio representava um consenso muito amplo da igreja, sendo uma expressão da verdadeira unidade ainda sentida por todos os crentes (cp., p.e., 4:32). Além da carta proposta por Tiago (v. 20), decidiu-se eleger homens dentre eles, isto é, dentre os representantes da igreja de Jerusalém, que se juntassem aos delegados das igrejas do norte, a fim de transmitir a decisão conciliar à igreja de Antioquia (v. 22). O particípio presente, hegoumenous, significa que eram líderes em certo sentido, talvez presbíteros. Mais tarde, no v. 32, são chamados de profetas. É provável que Silas seja o Silvano das cartas (2 Coríntios 1:19; 1 Tessalonicenses 1:1; 2 Tessalonicenses 1:1; 1 Pedro 5:12), mas de Judas Barsabás nada sabe­mos, embora se tenha conjeturado que teria sido irmão de José Barsabás (1:23); nesse caso, à semelhança de seu irmão, deve ter sido seguidor de Jesus "começando desde o batismo de João" (l:21s.).

Assim é que a carta foi enviada, não como da parte do concilio, mas da igreja de Jerusalém (os apóstolos e os anciãos, v. 23), a qual ainda se considerava a voz autorizada nos assuntos de todo o povo de Deus. Há alguma incerteza sobre como a palavra irmãos se relaciona com o resto da frase, no v. 23, mas é provável que ECA esteja certa ao tomá-la como aposto de apóstolos e anciãos, pelo que, não importando sua autoridade, escreveram à igreja de Antioquia como de irmãos para irmãos. Longe de ser uma encíclica, a carta era dirigida de modo específico aos cristãos gentílicos em Antioquia, Síria e Cilícia (v. 23). Nessa época a Síria e a Cilícia (parte oriental) eram administradas de Antioquia, como província (deixou de ser assim após 72 d.C). É evidente que a igreja nessa província era predominantemente gentílica. Veja 23:26 quanto à forma de endereçamento.

Os líderes eclesiásticos tinham vários objetivos ao escrever esta carta. Primeiro, reconheciam que embora as pessoas que haviam perturbado ("sacudido") a igreja de Antioquia, e nela causado problemas, haviam saído dentre nós (v. 24; cp. Gálatas 2:12 quanto à mesma expressão, e (iálatas 1:7; 5:10 quanto ao mesmo problema), não representavam a igreja de Jerusalém. Haviam agido por iniciativa própria. Segundo, reiteraram apoio a Paulo e a Barnabé, que haviam resistido aos rebeldes, e a esses apóstolos honraram pelo fato de arriscarem as suas vidas (lit, "entregaram suas vidas") pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo (v. 26; mas também haviam sido "entregues" ao cuidado da graça de Deus, 14:26; cp. 2 Timóteo 1:12. Quanto ao "nome", veja a nota sobre 2:38). li evidente que ficaram bem conhecidos os sofrimentos dos dois missio­nários no decorrer de sua viagem recente. Observe-se o calor da expres­são os nossos amados Barnabé e Paulo (v. 25; cp. o aperto de mãos em Gálatas 2:9; veja a disc. sobre o v. 12, quanto à ordem dos nomes). Terceiro, eles autorizaram Judas e Silas, como representantes da igreja de Jerusalém, a falar em apoio ao conteúdo da carta. E quarto, estabele­ceram as atitudes que o concilio havia concordado para que fossem requeridas dos gentios.

Os "decretos" são os mesmos do v. 20, exceto uma pequena mudança na ordem. O texto fica sujeito às mesmas variantes discutidas nas notas desse versículo, com as adições extras aqui (v. 29), no texto ocidental, das palavras "prosseguindo no Espírito". A carta enfatiza que o concilio reduziu as exigências ao mínimo (v. 28), e que o que se pedia a eles só era necessário no interesse da harmonia, e não da salvação. O comentário final, fazeis bem se vos guardardes destas coisas (v. 29), a saber, das coisas proibidas, não pode ser interpretado com o sentido de "vós sereis salvos". Essas palavras refletem, todavia, a convicção de que a decisão conciliar havia sido atingida sob a orientação do Espírito Santo (cp. IO:19s.; 13:2s.). Esta crença se torna explícita no v. 28, em que a forma de expressão não significa que esses homens se colocam no mesmo nível do Espírito, apenas que estavam dispostos a submeter-se à sua orientação (cp. Josefo, Antigüidade 16.162-166, quanto à carta de Augusto: "Pare­ceu-me bem, e ao meu concilio..."). À vista das várias semelhanças entre esta carta, 1 Pedro e 1 e 2 Tessalonicenses, com que o nome de Silas está associado, é verdadeira tentação imaginar que ele a tenha escrito como representante dos apóstolos e os anciãos. É provável que cópias da carta tenham sido arquivadas em Antioquia e Jerusalém, às quais Lucas teria tido acesso.

15:30-35 / Essa carta foi lida à igreja reunida em Antioquia, para grande alegria dos crentes, visto que ela lhes assegurava o lugar em Cristo (vv. 30, 31; quanto à igreja, gr. plethos, veja a nota sobre 6:2). As exigências aparentemente foram aceitas sem murmuração (é possível que já estivessem agindo de conformidade com as instruções de seus líderes). Judas e Silas acrescentaram suas próprias palavras de encoraja­mento àquilo que fora escrito. O verbo grego no v.32 pode significar que eles "encorajaram", "confortaram" ou "exortaram" ou talvez tenham feito as três coisas. Assim foi que eles "fortaleceram" a igreja de Antioquia (v. 32, lit, "tornaram-na firme"; cp. "perturbaram", ou "sacu­diram", v. 24). Esta era a obra dos profetas, e é assim que são chamados neste versículo (veja a nota sobre 11:27). Depois de algum tempo voltaram a Jerusalém; os de Antioquia os despediram com orações pela sua paz e segurança (v. 33). O v. 34 não pertence ao original, pelo que NIV o coloca à margem. Foi uma tentativa de explicar a presença de Silas em Antioquia numa data posterior, para a "segunda viagem missionária". Entretanto, o v. 33 não apresenta dificuldades reais, desde que entenda­mos que houve um lapso de tempo entre esse versículo e o 40 — tempo suficiente para Paulo ter mandado buscar Silas, pedindo-lhe que o acompanhasse. Enquanto isso, Paulo e Barnabé com muitos outros (ao pé da letra: "outros de tipo diferente" — talvez crentes de menor instrução na igreja) continuassem ensinando e pregando com muitos outros a palavra do Senhor em Antioquia. Essa pregação seria dirigida, talvez, à evangelização de estranhos, ao ensino deles, e seu estabeleci­mento no Senhor.

 

Notas Adicionais # 39

15:23 / Síria e Cilícia: Nessa época a Cilícia (Cilícia Pedéia; veja nota sobre 6:9) era administrada pela Síria. A Cilícia ocidental (Traquéia) tem uma história mais cheia de altos e baixos. Havia sido dada por Antônio a Cleópatra (36 a.C); depois, dada por Augusto a Amintas. Passou a Arquelau da Capadócia, depois a Antíoco IV de Comagene, e finalmente uniu-se à Cilícia oriental como uma província, em 72 d.C. (veja também a disc. sobre 23:35).