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Atos 5:12-16
Atos 5:12-16

Atos 5:12-16: Os Apóstolos Curam Muitas Pessoas 

 

Nesta descrição adicional da vida íntima da igreja, damos ênfase agora ao poder que se manifestava entre os crentes, de modo especial entre os apóstolos. A eficácia de seu testemunho, tanto pela palavra como pelas obras, explica o ataque a que estavam sendo submetidos, que é o assunto da seção que se segue a esta.

5:12 /Muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos (veja as notas sobre 1:26 e 2:22). Do estudo da passagem anterior (veja a disc. sobre 2:43), bem como desta, parece que podemos concluir que a operação de milagres confinava-se aos apóstolos. Entre­tanto, depois da nomeação dos sete diáconos, esse dom teria sido dado também pelo menos a Estevão (6:8) e a Filipe (8:6, 13). Mais tarde, Paulo e Barnabé exerceriam esse dom (14:3; 15:12; 19:1 lss.; Romanos 15:19; 2 Coríntios 12:12), e mediante os escritos de Paulo ficamos sabendo que outros crentes também possuíam "dons de curar... operação de mila­gres" (1 Coríntios 12:9s.; Gálatas 3:5). Não sabemos até que ponto esses dons foram distribuídos. Entretanto, analisando as evidências disponí­veis, talvez nos seja lícito afirmar que o dom dos milagres foi dispensado aos líderes da igreja, em parte, talvez, a fim de dar-lhes credencial de representantes de Cristo aos olhos dos de fora. Todavia, não é a isso que Lucas se refere quando fala dos milagres feitos entre o povo, mas à igreja. A palavra laos, "povo", no singular, quase sempre se refere ao povo de Deus. Lucas acrescenta que o lugar predileto de reunião nessa época era o pórtico de Salomão (veja a disc. sobre 3:11 e Ehrhardt, p. 19, quanto ao contraste com os essênios), e talvez tenha ocorrido aqui (como sugere a justaposição de idéias) muitos dos milagres realizados (cp. 3:1-10).

5:13-14 / Estando no templo com grande freqüência, os crentes teriam ficado sob a observação de muitas outras pessoas que freqüentavam seus átrios; a cena aqui sugerida pode constituir o contexto da observação de Lucas no versículo 13. Sempre que os crentes se reuniam, ninguém mais ousava juntar-se a eles, embora o povo os tivesse em grande estima (cp. v. 26). A relutância quanto a imiscuir-se entre os crentes sem dúvida devia-se ao respeito sadio pelo poder divino que se evidenciava naquelas reuniões. Entretanto, não existe contradição com o v. 14. Se houvesse alguma hesitação quanto a estar presente a uma reunião da igreja, isso não os impediria de ir noutras ocasiões que lhes fossem mais convenien­tes. Era o que muitos, homens e mulheres, faziam, pessoas que criam no Senhor (lit, "que criam o Senhor") sendo seu sentido o seguinte: acreditavam na palavra do Senhor (quanto ao título, veja a nota sobre 11:20). A menção das mulheres constitui outro lembrete do papel que elas desempenhavam na vida da igreja (veja a disc. sobre 1:14). O tempo do verbo grego, crescia (pretérito imperfeito), dá a entender que homens e mulheres continuamente aderiam à igreja; a voz passiva (NIV) dá a impressão de que era Deus quem realizava o acréscimo (cp. 2:41, 47).

5:15-16 / A associação de idéias poderia levar-nos a concluir que foram os homens e mulheres do v. 14 que puseram em ação sua nova fé, ao trazer pessoas doentes aos apóstolos para que fossem curadas. É certo, todavia, que teriam sabido que o poder para curar não era inerente a determinada pessoa, e menos ainda fora infundido numa sombra, embora pudesse aprazer a Deus usar ambos os recursos como "meios de graça". Portanto, é melhor não procurar ligação nenhuma entre os versículos 14 e 15, mas tomar o v. 15 como referência à reação dos incrédulos à fama crescente dos apóstolos, de modo especial Pedro (cp. 19:12; Marcos 6:56). O fato de as pessoas procurarem a sombra de Pedro mostrava coerência com a idéia popular nessa época de que "ser tocado pela sombra de um homem significava estar em contato com sua alma, ou com sua essência, e assim receber forte influência para o bem ou para o mal" (P. W. Van Der Horst, "Peter's Shadow", A Sombra de Pedro, NTS 23, 1977, p. 207). Isso nada mais era do que superstição grosseira; no entanto, através dela alguns poderiam ter chegado à verdadeira fé. "Ensina-se assim que a influência espiritual pode ser transmitida median­te coisas materiais. Entretanto, os exemplos são raros, e o apelo tem um efeito pouco permanente, mas efêmero. O povo enche as ruas, mas não vem à igreja" (Rackham, p. 69). No entretempo, as notícias a este respeito espalharam-se para fora da cidade: também das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormen­tados de espíritos imundos (v. 16; cp. Mateus 4:24). E todos eram curados, somos informados; todavia, declarações genéricas desse tipo com freqüência devem ser interpretadas como "muitos", ou "alguns", em vez de "todos" (veja a disc. sobre 9:35). Fosse como fosse, esses contatos prepararam o caminho para o avanço do evangelho de Jerusalém à Judéia.

 

Notas Adicionais #12

5:12 / Muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos: é tradução literal. NIV adota uma tradução mais simples: "Os apóstolos realizavam muitos sinais miraculosos". Jesus freqüentemente curava mediante a imposição de mãos (Marcos 6:5; etc), e visto que o Senhor assim o ordenou (Marcos 16:18), teria sido esse o método de cura utilizado também pelos apóstolos (cp. 9:12, 17; 14:3; 19:11; 28:8; também 3:7; 9:41). Todavia, o texto grego não implica necessariamente que as curas sempre foram feitas dessa maneira. Quanto à prática de impor as mãos para efetuar curas, veja Dunn, Jesus, p. 165.

5:13 / Ninguém mais: lit., "ninguém do resto", não esclarece quem seria "o resto". Seria o resto dos crentes, em contraste com os apóstolos? Todavia, em parte alguma os apóstolos são considerados pessoas que infundem temor em seus companheiros crentes. Esse resto seriam os incrédulos, em contraste com "todos" os crentes (v. 12)? Esta é a tradução adotada por NIV e ECA, e talvez esteja correta. Passagens como 1 Tessalonicenses 4:13 e 5:6 indicam que "o resto" se tornara quase um termo técnico denotativo de incrédulos.

5:16/ enfermos e atormentados de espíritos imundos: O Novo Testamento mantém uma distinção clara entre doenças comuns e possessão demoníaca, ainda quando os sintomas são idênticos. Os doentes eram curados pela imposi­ção de mãos ou pela unção; as pessoas possuídas de demônios eram curadas pela expulsão dos demônios (p.e., Mateus 10:8; Marcos 6:13; Atos 8:7; 19:12). Embora com freqüência fossem chamados de "malignos" (p.e., 19:12, 13, 15, 16; Lucas 7:21; 8:2), neste versículo os espíritos maus são chamados de imundos (é o que diz o grego; cp. 8:7; Mateus 10:1; Marcos 1:27; 3:11; 5:13), visto que uma vida imunda, segundo se acreditava, levava a pessoa à posse demoníaca. A possessão demoníaca induzia a uma vida imunda — p.e., o demoníaco era conduzido a lugares onde poderia tornar-se cerimonialmente imundo (cp. Marcos 5:3) — e o demoníaco era excluído da comunhão com Deus. Os pagãos eram chamados de imundos pela mesma razão.